6 de novembro de 2012

Coisas da Sophia.

«Comecei a escrever numa noite de Primavera, uma incrível noite de vento leste e Junho. Nela o fervor do universo transbordava e eu não podia reter, cercar, conter – nem podia desfazer-me em noite, fundir-me na noite. No gume da perfeição, no imenso halo de luz azul e transparente, no rouco da treva, na quase palavra de murmúrio da brisa entre as folhas, no íman da lua, no insondável perfume das rosas, havia algo de pungente, algo de alarme. Como sempre a noite de vento leste misturava êxtase e pânico…»



Sophia de Mello Breyner Andresen,
6 de Novembro de 1919 - 2 de Julho de 2004.

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