12 de maio de 2015

Tenho os braços estendidos para ti.

«Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, 
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços... 

Quando me lembra: esse sabor que tinha A tua boca...
o eco dos teus passos... 
O teu riso de fonte...
os teus abraços... 
Os teus beijos...
a tua mão na minha... 

Se tu viesses quando,
linda e louca, 
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri 

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...» -- Florbela Espanca, in "Charneca em Flor".