30 de janeiro de 2009

Happy Hour.



«Quem é esse de tal de amor?

Uma parvoíce inventada pelos poetas provençais.

Achas que houve sempre amor?

Não houve! Em Creta não havia amor, na Babilónia não havia amor! Não? Havia o quê?

Traições. Traições e amizades sólidas.

Como é que isto vai acabar, meu Deus?

Ninguém se mova…

Eu não falo. Vamos ver quem é que aguenta o silêncio…

Shhh…! Silêncio! Silêncio!

Ele não aguenta! Beijo-a ou não?

Beija-me…

Eis o casal perfeito deste país em ruínas… o pai de família comido pela Marilyn Monroe, casado com a vaca leiteira dos executivos nacionais!»


«Fragmentos de uma "Happy Hour", para dois actores, fragmentos de um discurso/diálogo em eco/espelho que nos faça pela proximidade física o distanciamento necessário às leituras possíveis deste "braço de ferro", deste abraço/afecto, perdido na agonia do quotidiano. Espectáculo construído para um olhar atento da pulsação, do nó da garganta, dos corpos usados e famintos de conforto, numa batalha de palavras, emoções, que feitas em nome da verdade nos vai dando a observar e espero, a fazer sentir na pele, o infortúnio e o "peso" das vidas paralelas, no confronto com a natureza animal de cada uma das personagens e que talvez devido à passiva, insegura e repetitiva deriva delas, possamos desta vez e como diria Garrett "falar verdade a mentir".

Espectáculo de carrossel, placa giratória, bola de espelhos que se abre e fecha como uma doce e inquietante caixinha de musica.»


(Fraga, Jan09)


Choveu todo o santo dia. A noite, essa caiu lentamente, de forma suave mas determinada. Aquela noite prometia, senti-o desde o momento em que me telefonaste ao final da tarde. "Destrambalhas-me toda", disse-te logo sem perder a oportunidade para sorrir com o Coração. Seguimos viagem. Do meio do nada avistam-se dois corpos pequenos de mãos dadas, a andar pela Baixa à procura de um lugar para jantar. Que chuva tão fria, bolas... No entanto, a tua mão protegia-me dos males do Mundo, não me deixava cair nem tropeçar, nem perder o rumo... E ainda me aquecia a Alma.


A Trindade está "à pinha", voltam para trás. Bem, o Café do Chiado traz-nos sempre boas recordações, apesar do Mateus Rosé! Entraram tranquilos, escolheram o lugar. Tiram-se os casacos molhados e sentaram-se. Dizem-se piadas, contam-se histórias, trocam-se olhares, uns furtivos outros densos até. Os discursos e as conversas fluem naturalmente. Há palavras que nos beijam como se tivessem nome. Ainda assim, fica sempre tanto por dizer...


Escolhemos o camarão e quanto ao vinho não restam dúvidas. Pedimos o Rosé, Mateus Rosé. As borbulhas fazem-nos sentir cócegas na garganta mas, no final de cada trago, sente-se aquele misto de doce-amargo tão peculiar que nos aquece por dentro. Trocam-se as facas pelo meio. Oh pá, nunca te orientas! Eu falo demais e tu baralhas-te sem perder esse jeito engraçado e desengonçado de ser. Deixa... Não importa! As rugas no canto de cada um dos teus olhos e esse sorriso aberto cheio de segredos fazem de ti uma pessoa única. Já cá andas há muito tempo, you know...


Jantámos, preparámos o tabaco e saímos para a rua. Não me vou alongar sobre aquela triste ideia de pedir o CD que estava a tocar, apenas para confirmar se a Diana Krall estava a fazer um "falsete". Valeu-me de muito! Perdi mais uma aposta, lá terei de pagar um jantar num restaurante do qual nem o nome me queres dizer! Estava frio lá fora mas comigo veio a taça de vinho. Não quero que nos falte nada, bem sabes. Tu ensinas-me tanta coisa e eu mimo-te com tanto e com tão pouco (e, nesses momentos, não me falta nada, sabias?...). Para além disso, não há combinação mais perfeita do que tu, eu, uma taça de vinho, dois cigarros e chuva a cair. Disseste baixinho: «- Espertinha, a Menina...» E eu respondi-te, com aquela frase típica: «-Pois é, eu cá não brinco em serviço!».


Olha, olha! Chegaram mais dois! Temos companhia, boa gente. Gente tranquila, sem stress. Senti de novo aquela certeza de que a noite avançava no tempo e na hora certos. Trocam-se mais palavras, joga-se conversa fora descontraidamente. São quase onze da noite. Caminhamos a passos largos para não chegarmos atrasados ao Luso.


Estava ansiosa e cheia de curiosidade para ver esta peça. Inicialmente não podias mas acabaste por vir e por apreciar. Afinal, deixei-te gozar à vontade, enfiar-me os dedos no nariz e nas orelhas até que eu fico sem jeito. Fazes-me rir como uma Criança. Guardas-me um lugar na fila da frente, mesmo ao teu lado. Experimentas o meu licor, fumamos mais um cigarro e eu seguro no cinzeiro. O pano preto não sobe antes do primeiro acto. O cenário é ali mesmo, no centro de tudo. Os personagens encarnam a figura de todos nós. Revivemos sentimentos, momentos, situações e emociono-me. Os meus olhos querem saltar de tanto olhar para ela e para ele, como que a querer "sorver" cada palavra saída daquelas bocas e cada gesto e movimento daqueles corpos.


Quase sem saber o que me estava a acontecer (não, não era fruto do vinho e nem do licor), tu tocaste-me na mão. Foi com delicadeza e eu acarinhei-te de imediato, alegre, confusa mas grata. Recebo esse gesto pausadamente, sem pressa nenhuma. Aquele era o Momento. Nesse instante perfumado confirma-se que a noite, esta noite era mesmo especial. Sincronicidade, nada mais. O Universo revelou-se, deu-se a conhecer, e tu tocaste-me sem qualquer pudor. Por isso te recebi, assim mesmo, tão serena e orgulhosa, com toda a ternura. Estou de bem Comigo e com o Mundo. Apeteceu-me beijar-te enquanto me entregava a ti.


«Como é que isto vai acabar, meu Deus?

Ninguém se mova…

Eu não falo. Vamos ver quem é que aguenta o silêncio…

Shhh…! Silêncio! Silêncio!

Ele não aguenta! Beijo-a ou não?

Beija-me…»


http://br.youtube.com/watch?v=x6ToqVt68sE&feature=related


22 de janeiro de 2009

O Extraordinário é Demais. Parte II.


E... Porque esta coisa das informáticas nem sempre é para "Meninas e Meninos"... Um dos meus últimos textos perdeu-se no Caos, vá-se lá saber como e porquê. Mas porque eu sei o quanto aquele textozinho é really, really important... Cá vai de novo, com algumas adaptações, fruto do Espaço-Tempo passado e também... Fruto daquilo que me "dá na real gana"! Afinal, quem manda aqui sou Eu, correcto?...


«Imitemos os deuses e comportemo-nos com todos os homens como com irmãos. Assim como os deuses se comportam em relação a nós, também nós devemos nos comportar nas relações com nossos semelhantes. Isto significa não só que não devemos fazer o mal, mas também que devemos fazer o bem, até àqueles que nos fazem mal. Descendemos todos da mesma origem, somos membros de um imenso organismo, somos irmãos, e, pelo bem, nosso e do todo de que somos parte, nossas acções devem ser marcadas pelo amor recíproco.

[...]

Tudo aquilo que vês, que encerra o divino e o humano, é um uno: somos os membros de um imenso organismo. A natureza nos criou irmãos,
gerando-nos dos mesmos elementos e para os mesmos fins; infundiu-nos um amor recíproco e nos tornou sociáveis. Estabeleceu a equidade e a justiça: para seu decreto é mais triste fazer o mal que sofrê-lo; por seu comando as mãos devem sempre estar prontas para ajudar. Tenhamos sempre este verso no coração e nos lábios: “Sou um homem, e não julgo estranho a mim nada daquilo que é humano”. Coloquemos tudo em comum: nascemos para [uma vida em comum]. Nossa sociedade é muito semelhante a uma abóbada de pedras: ela cairia, caso as pedras não se sustentassem reciprocamente, e é justamente isto que a mantém.»


Séneca, Cartas a Lucílio.



Para a Minha Isabel...


Porque te abraço cada dia, porque te quero bem para todo o Sempre... Porque somos Meninas Crescidas e Iluminadas pela Mãe Natureza, e pelas nossas ricas Mães também... Porque, porque, porque e... Porque sim.


Pois é... Naquela tarde, quando já sabia que te ía reservar um espaço mais especial Aqui, pensei escrever-te algo sobre o Daniel Sampaio e/ou sobre o Freud, dado o nosso interesse nestas matérias como a Psicologia e tantas outras coisas curiosas que povoam as nossas cabeças. Mas depois, lembrei-me do Séneca, outro grande doido, e apeteceu-me apresentar um pequeno excerto de um dos textos dele. As escolhas são sempre subjectivas, bem sabemos. No entanto, porque os Amigos são efectivamente a Família que escolhemos para nos acompanharem nesta Vida, acredito que ao partilhar este texto tu sabias exactamente até onde seguia o meu pensamento.


Melhor fiz! Recordei o nosso João Paulo Pirocas no seu fabuloso desempenho, de rabinho a dar a dar, enquanto cantava à porta do elevador daquele 7.º piso que tão bem conhecemos. E escrevi... Necessário, somente o Necessário. O Extraordinário é Demais! Recordas-te? Ainda hoje o cantamos mas falta-nos um "apêndice"... O nosso tão querido Amigo João Paulo. Que está sempre connosco, seja à hora do café (uma colocava o açúcar e a outra mexia-lhe o café!) seja no nosso pensamento. Está entranhado em Nós! Quem manda somos Nós! Recordei também o Bruno Marcolino, aquele com quem rimos horrores só de ele falar nos meus Raikus do Universo! Aquele Macaco com Cara de Anjolas que te colocava um big pig no ambiente de trabalho e adormecia nas formações! Aquele que ainda hoje se refere aos "rabiosques" das moças como sendo... Queijos. Queijinhos da Serra!


São tantos os Momentos já vividos juntas. São tantas as recordações e as lamentações que só Nós Duas é Que Sabemos. E o nosso business de "Dondocas" que nunca mais sai?!... E pensar que ainda hoje falámos em mudar de ramo... Da decoração para o catering, ah pois é!


No dia 10 de Janeiro comemoraste mais uma Primavera. Abracei-te virtualmente nessa madrugada e depois editei um texto para ti no dia seguinte. Este que agora sai meio que adaptado mas do qual quero preservar a essência... Para que fique aqui escrito o quanto te quero bem, seja em todos os teus aniversários, seja por todos os dias das nossas vidas.


... Jamais esquecerei os teus abraços e cuidados de Mãe, o teu colo fofinho que me chama em cada abrir de braços teu... O teu "adeus minha Macaquinha" sempre que me apareces no gabinete de mala ao ombro para dizer até amanhã... Porque estás de pedra e cal na minha vida. Porque nada acontece por acaso e não foi à toa que as nossas vidas se cruzaram. A nossa Amizade não tem idade. Sinto-me uma Menina protegida por ti, tu que consegues mandar embora todos os meus "papões" da noite e os meus medos do dia. E, ao mesmo tempo, fazes-me sentir tão especial por me confessares que já aprendeste tantas coisas comigo. Essa coragem de assumir e verbalizar as coisas torna-te ainda mais Mulher, mais Pessoa... Um Ser Humano único.


Por tudo isto e mais umas tantas outras coisas, deixo-te aqui um Grande Veijo daqueles à R.I. e um Abraço à moda do Pirocas, daqueles que quase nos parte os poucos ossitos que temos! Abraço-te ainda mais forte hoje, não porque me esqueça de o fazer nos outros dias, mas porque tudo vale a pena para te ver ainda mais Feliz. E não... Não esqueci o cheiro do pescoço da tua Filha Mais Nova e nem os atacadores das botas da tua Filha Mais Velha, nem a Planta Especial do Quarto, nem as nossas "Tchitchucas" que fazem tudo ao contrário do que lhes pedimos, ainda recebem por transferência bancária e mais... Deixam-nos recados escritos para não nos esquecermos de comprar qualquer coisa que falta para limpar nem sei bem o quê (e nem quero saber desde que as WC continuem brilhantes e que a tua mesa de apoio esteja limpa, ainda que com algumas revistas por cima)!


Psiuuu... Estou sempre aqui... Por perto. Vim para ficar na Tua Vida e tu, minha Amiga, nem sonhes que alguma vez te vês livre de mim! Estou aqui e daqui não saio, estás a ler bem?


Por hoje, quem manda aqui sou eu, a Macaca Mais Pequena...

18 de janeiro de 2009

Moças de Lábios Rosados...

I really love all the stories that start with... "There Was a Time..."


«- Era uma vez uma Moça Dinamarquesa que embarcou num vapor a caminho do Suez. Houve uma tempestade ao largo de Marrocos e onde as ondas levaram-na para uma praia. Uma praia branca...»

«- Gostava de ser eu a fazer isso... Dói?»

«- Não. E acreditarei em tudo o que me disser agora...»

«- Os Deuses castigam-nos respondendo às nossas preces...»




Do you know that sometimes I loose myself just for being thinking about simple pleasures?... That's true. And in the next moment I feel in peace with me, being One. "Serendipity" between Mind, Body and Soul.

Because of this film, there are some ideas that I would like to share with you now. Maybe you could retain something after read this post... Something that you could think about later, probably in one of those magic moments that you don't have anything else better to do...

«This water lives at Mombasa.», «British know how to read and what good has it done them?», «God is great, Sabu; He plays with us.», «We're a pair, you and I», «At least we would have been somewhere...» and also «When the gods want to punish you, they answer your prayers.».

This last sentence means a lot for me. Not only because I believe in The Universe but because when you really believe in something the "gods", for me The Universe, make everything happen. You just need to want something with truth and pure intention that Universe take care of everything else... He will do the rest, trust me. And if you change your mind you should be prepare too... Not to be punished but to receive Him's designs.

Universe knows exactly what we need.

Please take a few minutes to read about http://en.wikipedia.org/wiki/Clarinet_Concerto_(Mozart) and listen with your heart and with your soul http://en.wikipedia.org/wiki/File:Mozart_Clarinet_Concert_-_1._Allegro.ogg...


Have a nice day...

14 de janeiro de 2009

Exaustão?

«O homem que vive através da consciência mental torna-se pesado. Aquele que vive com consciência permanece leve. Por quê? Porque um homem que tem apenas algumas ideias a respeito de como se deve viver, naturalmente se torna pesado. Ele se sente obrigado a carregar consigo o seu carácter. Esse carácter é como uma armadura: é a sua protecção, a sua segurança. Toda a sua vida está investida nesse caráter. E ele sempre reage às situações através desse carácter, nunca directamente. Se você lhe faz uma pergunta, a resposta é pré-fabricada. Esse é o sinal de uma pessoa "pesada", ela é enfadonha, estúpida, mecanizada. Ela pode ser um bom computador, mas não é um homem. Você provoca e ela reage de uma maneira bem definida. A reacção é previsível: ela é um robô. O homem verdadeiro age de maneira espontânea. Se você lhe faz uma pergunta, obtém uma resposta, não uma reação. Ele abre o coração para a sua pergunta, expõe-se a ela, responde a ela....


In Osho Take it Easy, Volume 1 Chapter 13


Comentário Osho: Eis aqui o retrato de uma pessoa que esgotou toda sua energia vital nos esforços que fez para manter em funcionamento sua enorme e ridícula máquina de imagens pessoais de importância. Ela esteve tão ocupada "mantendo as partes ligadas entre si" e "assegurando-se de que tudo funcionava bem", que se esqueceu de descansar de verdade. Sem dúvida, esse personagem não pode permitir-se qualquer distração. Deixar de lado suas obrigações para dar um passeio na praia poderia significar o desmantelamento de toda a estrutura. A mensagem desta carta não é, entretanto, apenas a respeito de ser um viciado em trabalho. Ela se refere a todas as maneiras pelas quais criamos rotinas seguras, porém contrárias à natureza, que conseguem manter longe de nós tudo o que é caótico e espontâneo. A vida não é um negócio para ser administrado: é um mistério a ser vivido. Já é tempo de rasgar o cartão de ponto, escapar da fábrica e fazer uma pequena viagem pelo desconhecido. O seu trabalho poderá fluir mais suavemente a partir de um estado relaxado de mente.»



Estou cansada. Dei por mim a sentir sono e cansaço at 10 p.m. Continuo cansada. Cansada de cansada. Cansada de cansaço, entendem? Não, pois não? Deixem lá isso. Também não interessa nada...

Vamos "nanar", tá?

12 de janeiro de 2009

Dou you know that I'm a hundred different things?



«She may be the face I can't forget,
A trace of pleasure or regret,
May be my treasure or
The price I have to pay.


She may be the song that summer sings,
May be the chill that autumn brings,
May be a hundred different things
Within the measure of a day.


She may be the beauty or the beast,
May be the famine or the feast,
May turn each day into a
Heaven or a hell.

She may be the mirror of my dream,
A smile reflected in a stream,
She may not be what she may seem
Inside her shell.


She who always seems so happy in a crowd,
Whose eyes can be so private and so proud,
No one's allowed to see them
When they cry.


She may be the love that cannot hope to last,
May come to me from shadows of the past,
That I'll remember till the day I die.


She may be the reason I survive,
The why and wherefore I'm alive,
The one I'll care for through the
Rough and ready years.


Me, I'll take her laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be.
The meaning of my life is she, she, she...»


Charles Aznavour, "She" (http://br.youtube.com/watch?v=d_pXZ-hDVxw&feature=related)


Today I feel the need... The need for Speed. My
eyes can be so private and so proud that no one's allowed to see them. But... I really am a hundred different things... As Always.

11 de janeiro de 2009

O Extraordinário é Demais.

8 de janeiro de 2009

Uma Catedral... Um Templo Em Mim.


"No silêncio uma catedral
Um templo em mim
Onde eu possa ser imortal
Mas vai existir
Eu sei, vai ter que existir
Vai resistir nosso lugar..."

Zélia Duncan, "Catedral"

http://br.youtube.com/watch?v=-hKGjS4ZSkM


Palavras chave do post de hoje: Catedral. Templo. Silêncio. Solidão? O Hoje. O Lugar, o Nosso Lugar. Amores e Sonhos. Encontros. Existência. Catedral... Templo...


"Porque, algumas vezes, papel e caneta não bastam", como diz o Luís, tinha saudades de vir aqui apenas para escrever. Para Partilhar. É um Jeito de Sentir. De me deixar levar e depois... Depois encontrar-me comigo, em mim. O longe faz-se perto. Por isso mesmo acabo sempre por me encontrar. Estou Viva, sou cada vez mais Eu!


A sopa fervilha na panela. Ao longe ouço a roupa girar dentro da máquina. Nem ouço. Abstraio-me e distraio-me no meio de pensamentos, letras, palavras e ideias que chegam rapidamente à minha mente. E tudo flui naturalmente porque escrevo o que sinto. Tal e qual como sinto o que digo e venho aqui escrever. Sou eu, dizem. Outros ficam admirados. Uma outra forma de me (tentarem) ver a Alma, essa Entidade que está acima de mim mas que sou Eu, a minha Essência. Outros há que julgam que nos expomos por escrever assim. Mas, há sempre um mas...


Gosto de me imaginar como se fosse um Templo. Onde permito que várias pessoas se abriguem. Abro os braços e acarinho de forma simples mas intensa. Como os meus olhos. Gosto de Abraçar e de Proteger. Ser o Porto Seguro de uns e de outros Seres. Um Templo de Amor e de Carinho. De Simplicidade. Sou Transparente mas não nego que sou Densa. Um Achado, disseram-me em tempos. Ora aqui está, uma forma bonita de me sentirem. Mas, quando permito que tal aconteça, sei que já dei de Mim. Do meu Melhor. Da minha Energia Boa. E já fui. Estou lá e confesso que, por momentos, sinto medo. Ainda assim, mesmo em silêncio, não deixo de Amar Intensamente.


Aprendi a gostar das coisas simples da Vida. A Vida que tanto me tem dado e tirado também. Mas recebo tudo, do bom ao pior, como se fosse a primeira vez. Saboreio os instantes, os prazeres e os momentos tal como se degusta um vinho tinto. E sonho. Ai bolas, sonho muito! Continuo a sonhar como se ainda fosse uma Menina. Menina que sou e que gosto de ser. Aqui dentro, naquele lugar que só chegam aqueles que eu deixo. Todos aqueles que me merecem. E onde cabe a Solidão? Esse âmago no estômago e também amargo de boca? A Solidão também me bate à porta. E eu, serenamente, pergunto: "Quem é?" e deixo-a entrar. Quero conhece-la para a reconhecer depois, noutros instantes, noutros lugares. Noutros momentos de mim dos quais não fujo pois sei que, amanhã, posso estar novamente frágil e até carente mas, ao mesmo tempo, firme e segura. Tal como uma Catedral. (Já me ocorreu ficar aqui a escrever-vos sobre a grandiosidade de uma outra Catedral. Sim pois! O Estádio da Luz, aquela obra de arte imponente situada à beira da estrada... Mas aposto que perderia leitores assíduos deste meu espaço!)


Bom, a sopa está pronta. A roupa aguarda ansiosamente pelo orvalho que cai lá fora. E eu deixo-me levar pelas coisas singelas que também fazem parte da minha Catedral, do meu Mundo.


Não foi sempre assim, acreditem. Mas neste instante, é. E caminho, não para a perfeição, essa utopia, mas sim para um deserto onde vos vejo e me vejo... Tão perto de chegar a uma Catedral qualquer, a um Templo Iluminado. O nosso Lugar, onde chegamos para ficar e onde o Céu pode ser maior.

2 de janeiro de 2009

Perdidos e Achados.


"Bouncing of clouds we were
Is there a love "Lost-and-Found"?"

Tori Amos, "Bouncing Off Clouds" (http://br.youtube.com/watch?v=SZOFa_JYMnM)


Estamos no Inverno. Chove lá fora. Está-se bem apenas por não nos apetecer fazer nada. Melhor estaríamos em cima de uma Nuvem Qualquer. Uma nuvem daquelas que podemos ver se abrirmos agora a janela e olharmos lá para Cima... Acabei de o fazer. Pareceu-me visualizar apenas um manto branco... Senti-lhe o cheiro e é tão macio aos olhos do meu nariz. Isto parece-vos estranho, não é?


Mas acreditem que não, não é. O corpo humano é um "achado" da Natureza de tão genuíno. Podemos cheirar as nuvens e até sentir-lhes a textura. Podemos percepcionar tudo, basta estar atento e querer. É bom não fazer nada, não pensar em nada. Esvaziar a mente é importante.


A mente é um reboliço de Perdidos e Achados onde temos gavetas para guardar um pouco de tudo, ou de nada, do bom ao melhor, do menos bom ao... Pior. Podemos até guardar músicas e cheiros também. Essas gavetas encerram em si mesmas o melhor e o pior de Nós e dos Outros. Somos todos Bichos, vestidos de armaduras de ferro. Ferro já gasto e enferrujado mas que, por vezes, insiste em querer derreter-se tal como gelados!


Bom, gelados já me leva a pensar no Verão e na Praia do meu
Camping. Que tardes fabulosas me ofereço, sempre que vejo toda a gente a deixar a praia, para virem tratar dos banhos e dos jantares da família, e em que eu fico ali, sozinha comigo. Olho para o Mar à minha frente ou até de lado, caminho na areia e apanho conchas, pedras e... Procuro, procuro algo... Adoro encontrar coisas e trazê-las para casa, seja esta de tijolos ou de material inflamável, como o meu avançado na Costa da Caparica, situado na Rua do Assador-Mor. Calma, calma. Esse assador não é o meu Pai! Nem sou eu, entenda-se. É genético. Não temos "jeitinho" nenhum para essa árdua tarefa.


Não imaginam as curtas-metragens feitas comigo no papel principal sempre que peço a algum Companheiro para me deixar usar o lume para grelhar o peixinho. E lá vou, de óculos de sol, de biquini e de
pareo, de luvas para não me queimar e o meu famoso chapéu de apanhar borboletas, como diz o Companheiro Diogo. Ai, ai... Suspiro lentamente só de me lembrar dele, no auge dos seus 20 aninhos, cheio "de pinta" a pavonear-se pelo Parque e a dizer uns piropos engraçados às Miúdas na Casa dos Trinta, a quem ele chama de Companheiras! Mal sabe ele o quanto eu e a Carla, a outra trintona lá da rua, gozamos com o cenário. São inúmeras as private joke sobre o que ele faria se simplesmente... Lhe puxássemos a toalha para baixo sempre que ele vem do banho! Para não falar que idealizamos sempre a famosa cena da entrada nas discotecas e dizemos-lhe: "- São 25€ a entrada e tem direito a... Duas Coca-Colas pois o Companheiro não tem idade suficiente para beber!"


Não pensem que me perdi nesta descrição detalhada. Tenho sempre alguma dificuldade em focar-me como diz a Cláudia. E já me vem à memória o seu famoso "Oh Valha-me Deus". Mas para mim as conversas são como as cerejas. Tenho tantas histórias e estórias para contar! Em bom tempo desejei este espaço para partilhá-lhas e escrever exactamente como... Falo!


Em tempos, um jornalista do DN disse-me, em jeito de tio de Cascais mas a viver aqui na aldeia: "- Oh Querida, sei lá... Mas porque é que você não escreve um livro? Ai que lhe ficava tão bem! Vá lá, tá a ver...". Bom, o livro ficará para daqui a uns anos, para quando tiver mais tempo. O tempo que nos é mostrado pelos relógios suiços.


Perdidos e Achados. Lá se passou mais um ano. Teremos 14 anos pela frente, com o Planeta Plutão a reger as nossas as vidas. Será aliciante, um verdadeiro desafio, acreditem. Daqui a um ano teremos com certeza tantas outras histórias e estórias para partilhar. O tal reboliço de perdidos e de achados de que vos falei no início deste texto. Dificilmente estaremos iguais. Seremos nós, na nossa essência, mas estaremos ainda mais completos devido às pessoas e às experiências vividas.


Vamo-nos perder, é dado como certo. Mas encontraremo-nos, algures por aí, no Caminho. Na Estrada da Vida. E será tão bom... Obrigada a todos aqueles que estiveram sempre comigo em 2008. Obrigada ao Universo por ter colocado no meu Caminho todos os Seres Maravilhosos que tive o prazer de encontrar e a todos aqueles que reencontrei.


E agora para terminar vamos fazer um exercício. Assim, peço à Fátima e Família, ao Papai Vasques, à Dona Lídia e Família Melo, ao Tiago, à Célia e Família, aos meus Afilhados Diogo e Luís Miguel, ao Nuno, à Tatiana, à Eterna Tia Alice, aos Tios Beta e Fredy, à Raquel e ao Gonçalo, à Gy, à Carla Sofia, à macaca Isabel e Família, ao João Paulo e Família, à minha Tia emprestada Margarida Coutinho e Família, à Avó Fernanda e à Tia Teresa, ao Tio Alfredo, à Ana Vilar e ao Hélder, à Gabriela e ao Rafael, à Sara Rico, à Carla, Catarina e Família, à Mariana e Família, à Cláudia e Família, à minha Rô, à Ana Teixeira, à Deusa e à Sobrinha Beatriz, à Família Almeida, ao Sr. Jorge Monteiro e Família, à Fernanda Freitas e Marido, à Família da Escola de PAKUA, à Dona Deolinda e Família, à Paula Deusa, à Família do Espaço Anjocas, à Dona Jesus e Família, à Família António Ramos, vulgo Barbas, ao Nobre, ao Jorge Máximo, ao meu anjolas Bruno, à minha outra Tia emprestada Paula Baleiro e Família, à formiga Vanda e Família, ao Ricardo Veloso, à Lurdes do CCL e Família, às Famílias da minha rua do
Camping, ao Décio e Família, ao Hugo e Carla Cruz, à Rafaela Armas, à Ana e ao José, ao Jaime e Família, às Lenas da Venda Nova, ao Luís Domingos, à Família Salsinha, à Titinha e Família e também ao "rebento que se avizinha", ao Mel, ao Ahmad Saleh, às Sofias Gentil-Homem e Amaral, ao Tiago João, ao Marinho, à Tila e Família, ao meu Tio emprestado Alexandre... Que se sintam ABRAÇADOS POR MIM.


Não posso também de deixar algumas palavras de agradecimento ao Ruben Simões, à Isabel Cernich e ao Miguel Caetano. Convosco aprendi uma grande lição nesta Vida! Aprendi o quão importante e benéfico é fazer o luto das coisas, das pessoas e das situações. É como "pão para boca". Acreditem. É tão necessário como respirar. Nunca vos esquecerei... Guardei-vos numa das minhas gavetas, com carinho e saudade e aqui ficarão.


"Embora tenha o Universo
nada posso afirmar ter,
pois o desconhecido não posso conhecer
se me agarrar ao que já conheço."


In "O Cavaleiro da Armadura Enferrujada", de Robert Fisher (Capítulo 7, O Cume da Verdade)