30 de julho de 2010

Apetece-me falar mais uma vez de Amor.

Aliás, não faço outra coisa nesta Paragem. Falar de todo e qualquer tipo de Amor, em Linha Recta ou talvez não. Cada um saberá melhor como senti-lo e interpretá-lo, se é que isto pode interessar para alguma coisa.

O jornal Sol publica todas as semanas um rubrica chamada Com Muito Prazer, escrita pela Margarida Rebelo Pinto que, por seu lado, tanto tem de betinha como de alguém que até pensa e escreve umas quantas coisas com sentido.

Há umas semanas atrás, o texto do fds de 16 a 18 de Julho, chamava-se "A importância de ser honesto". Fiquei surpreendida com tudo aquilo que li na medida em que, para além de ter achado o texto bem interessante e realista, ele é também perceptível ao comum dos mortais, pelo menos para aqueles que têm um coração na zona da mamoca esquerda. Eu cá, pelo menos, tenho.

Ora então pois que, como esta coisa de sentir o Amor pode efectivamente ter tantas formas, cores, sabores e percepções, decidi transcrever as palavras da MRP para Aqui pois, afinal de contas, também vivo da partilha daquilo que entendo ser verdadeiramente importante: a arte de Amar. E este texto toca-me/toca-nos na "muche" ou, dito assim de outra maneira, na ferida:

«A importância do ser honesto
Publicação: 16 July 10 10:00 AM

Um homem pode ser alto ou baixo, gordo ou magro, atlético ou barrigudo, careca ou de cabeleira farta, divertido ou sério, desportista ou indolente, forcado ou sofisticado, solteiro, casado, viúvo ou divorciado, pode ter um rancho de filhos ou nenhum, adorar cães ou peixes, pode passar o fim-de-semana na pesca ou a fazer surf, mas há duas coisas que não lhe devem faltar: uma é carácter e a outra é a que todos sabemos, porque é com o carácter dele que contamos e porque é com ele que dormimos.

Ser um bom tipo não é ser um pau mandado, é fazer a coisa certa no momento certo. Um bom tipo é aquele que toma conta de nós e nos sabe mimar com conta, peso e medida. Um tipo com carácter até pode escorregar, mas não cai, ele cobiça discretamente o território alheio, mas não avança, porque ele veste a nossa camisola quando joga na nossa equipa. E vestir a camisola significa estar lá para o que der e vier, ou, como canta a maravilhosa Teresa Salgueiro, ‘haja o que houver’. Se for preciso, ajuda-nos a negociar o aumento no emprego e discute com o chefe da oficina o preço da revisão do nosso carro. Um tipo às direitas é alguém em quem se pode confiar. E a confiança não tem preço.

Ser um bom tipo não é difícil, o que é difícil é ser um bom tipo todos os dias. É certo que quase ninguém consegue, mas vale a pena tentar. Já o padre Américo, fundador da Casa do Gaiato, dizia que não há rapazes maus. É claro que todos sabemos que há um ou outro, mas quero acreditar que há mais bons do que maus. E mais tipos com bom coração do que se pensa. Porém, o coração não é tudo, se este não for sustentado por uma espinha dorsal decente, e é aí que entra o carácter. Porque pior do que um homem com mau carácter, é um homem sem carácter.

Um ‘sem-carácter’ não olha de frente, olha de lado, não diz nem ‘sim’ nem ‘não’, diz muitas vezes ‘talvez’ e ‘se calhar’. É aquele género que gosta de todas e não ama nenhuma, operando em tabuleiros paralelos, armado em campeão de xadrez. Não raro tem dois ou três telemóveis e vários endereços de e-mail. É um artista de circo altamente treinado em acrobacias emocionais, capaz de grandes piruetas e quedas à gato, sempre com os pés no chão, com ou sem rede. Nem sequer é uma espécie, porque como não tem categoria nenhuma, é mais uma subespécie, meio homem, meio verme, já que possui sangue frio e lhe falta espinha dorsal.

E não se iludam os que acreditam que um tipo pode ser íntegro em casa e corrupto no trabalho, ou honesto nos negócios e bandido no lar. Um bandalho é sempre um bom bandalho, seja à mesa de reuniões ou à mesa de jantar. E por fim, no corolário da canalhice, existe ainda o tipo sem carácter que finge que é bestial e se faz sério, de bom amigo, de bom chefe, de bom irmão e de bom marido. E esses, infelizmente, proliferam na sociedade portuguesa. São a versão masculina das mulheres que se fazem de pudicas e depois enganam o marido com o cunhado, o caixa do banco, o professor de ténis e o jovem musculado que faz a manutenção da piscina do condomínio. Mas essas ficam para outra crónica.»


Voltemos pois, ao príncipio. Ou será ao fim?...

Apetece-me falar mais uma vez de Amor.
Aliás, não faço outra coisa nesta
Paragem. Falar de todo e qualquer tipo de Amor, em Linha Recta ou talvez não. Cada um saberá melhor como senti-lo e interpretá-lo, se é que isto pode interessar para alguma coisa.

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