24 de setembro de 2010

Dias iguais.

Somente os tais.
Momentos letais.
Outono em Fetais ou Inverno em Fiais?
Se há dias iguais?
Sim, há. São os tais.
Somente os tais.

(deu-me p'ra isto hoje...)



Cansam-me os dias iguais, é certo.
Ainda assim, preciso deles para me recompor, para me lamber e curar, para seguir em frente, com ou sem novos objectivos. Precisarei deles? Ainda não sei. Não estou sequer capaz de pensar em pensar neles.
Cansam-me os dias iguais, é certo... E não nego.
Mas, se não fossem estes dias tão, tão iguais, como conseguiria eu ouvir o despertador pelas 07:30, arrastar-me com frio e com medo até à banheira, limpar a pele molhada com a toalha e embrulhar-me num robe turco qualquer, aquecer o leite de arroz, aveia ou de trigo, bebê-la enquanto me visto... E sair para a rua, para o carro que me conduz à selva que mal reconheço, onde passo horas e horas a fio de tormento, de impaciência e de angustia?
Sim! Acabo por precisar deste dias tão iguais para, tão somente, continuar. Para onde? Não sei. Não sei se quero saber. Não sei e pronto.
Cansam-me os dias iguais, é certo. Tão certo quanto insistir na temática. Mas cansam-me deveras. Sinto-me só, sózinha, triste e desprotegida. Tenho frio e tenho medo também.
Dói-me a alma, em todo o seu esplendor. Mas dói-me. Dói-me muito. Tenho saudades. Sentir saudades é bom. Outras vezes nem tanto, como agora... Porque tenho saudades do que não tenho. E principalmente do que sei que não vou ter. Tenho saudades até do que vou ter. Sou uma gaja complicada, bem sei. Também não sei ser outra; Posso "vestir-me" de novo, com ar mais ou menos organizado e pomposo mas... Sou e serei sempre assim. Eu, só eu.
Cansam-me dias iguais, cansam-me muito, muito e ainda muito mais. Cansam-me mesmo muito; Fico fora de mim mas, em consciência, sei que estou em mim aqui e agora, nesta escrita ao sabor da pena. Sim, porque as penas têm sabor e escrevem. E eu também, quando me apetece.
Tenho frio... Tenho muito frio. Os músculos da barriga comprimem-se tal como naquelas semanas de Outubro a Novembro de 2005. Depois desse frio, só consegui voltar a sentir costas, pernas e até a barriga meses, muitos meses mais tarde... Aliás, foram anos depois.
Mas ontem, hoje e amanhã sinto e sentirei este frio, muito frio. Dóiem-me as costas; Estou fraca. Estou, não. Eu sou fraca.
Precisei de pedir ajuda. Pedi-o. Aconteceu. Foi hoje. E fui ajudada. Custou-me mas depois passou. Venci-me. É estranho. Aconteceu. Pedi ajuda e fui ajudada, assim ali, de imediato.
Cansam-me os dias iguais. O fim-de-semana caminha e avança a passos largos até mim; Não quero! Mas ele chega-se a mim... Está aqui já, já à minha beira; Vai bater-me à porta e eu não o quero deixar entrar. Mas nada posso fazer.
Estou cansada de viver dias iguais. Pergunto-me e pergunto à Vida, porque raio esta tanto me tira se não me contempla na sua distribuição seguinte? E hoje, assim do nada e mesmo sem entender, aceito este meu egoísmo; Este meu querer mais da Vida. Não menos e nem mais do que ninguém, sou Eu. Só eu. Sim, o egoísmo (como tantas outras coisas mais) assenta-me bem. Também. Sim, estou cansada.
Cansam-me os dias iguais. Por ora, não me apetece NADA pensar de outra maneira.




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