25 de março de 2009

A Certeza da Eterna Presença.

Foto de Paula Santos, Cascais, 2007

Olá Mãe... Escrevo-te para que saibas que te sinto sempre maneiras diferentes...

Há dias assim.

Acordei "azamboada" na segunda-feira. Ainda te lembras que como sou um verdadeiro "terror" às segundas-feiras?! Bolas, mexi-me e remexi-me na cama. Dei voltas e mais voltas. Pensei que nem sequer a luz do dia queria ver, quanto mais pensar em sentir o calor do Sol. Alguém me escreveu: <<-Não deixes que a tua Chama se apague...>>. Levantei-me de imediato. Em menos tempo do que é normal saí para rua decidida a fazer do meu dia um dia melhor. Se o pudesse partilhar, excelente! "Perdi-me" várias vezes em pensamentos e ideias mas "voltei" sempre... A mim.

Pensei no "desamor". Pensei na Pessoa Amada muitas vezes, com ternura e saudade. Saudade daquela que nos liberta. Sabes, Pessoa Amada, desejei abraçar-te. Abraçar-te apenas para, quem sabe, acalmar esta dor no meu peito... Quem sabe para apaziguar este âmago. Para me sentir melhor. Comigo. Cá dentro. Gosto de ti, naturalmente. Tu sabes que sim. Dói-me, é certo. Não te nego. E isto tu também sabes. O que talvez não saibas é que gostar de ti me faz também sentir VIVA. Consciente de MIM.

Assim do nada, de repente, lembrei-me da minha Mãe. E, tal como já me acontecera antes, segui o instinto e, no instante a seguir, estava a fazer a coisa certa, no momento certo. A tal questão da Serendipity. Ainda te recordas do que te escrevi na porta do frigorífico?... Pois é, Cor Colorida. Aquele era o Momento. E lá fui eu abraçar-te, naturalmente. Tão naturalmente quanto o gostar de Ti. Tão naturalmente como a minha forma de aceitar tudo o que a Vida me traz e me tira. Tão naturalmente como te querer bem.

Apertei-te doucement... Sentiste? Balouçámos suavemente. Perguntei-te baixinho:<<- Estás bem?>>. Sussurrei para dentro de mim: <<-Que saudades tinha eu de te ter nos meus braços... Que vontade de te proteger... Que saudades de te sentir no meu colo...>>. Mexi-te no nariz. Manias. Apeteceu-me ainda mais beijar-te ali, logo ali. Não beijar de beijar. Beijar de sentir. Entendes-me? Não, provavelmente não.

Mas não precisei de o fazer. Porquê? Questionas-te agora: <<-Porque será que ela não precisou de me beijar???>>... Respondo-te eu: está gravado cá dentro como é beijar-te, como é ter o calor da tua boca, como é sentir a textura dos teus lábios, como é contemplar esses dentes perfeitos que tantas vezes me morderam o pescoço... Sei exactamente como é beijar-te. Basta-me, aqui e agora, experimentar fechar os olhos e beijo-te... Naturalmente.

Jamais esquecerei a noite em que me beijaste pela primeira vez. Jamais esquecerei o teu primeiro beijo. O primeiro de poucos, é verdade... Jamais esquecerei que me disseste baixinho: <<-Calma...>>. De seguida, tocaste delicadamente no meu colo e voltaste a sussurrar: <<-Sente, apenas sente>>.

Estás a ver, Mãe? Falei-te do Amor. Vês o que acontece comigo sempre que te sinto? Sempre que me "cutucas" e me fazes seguir em frente sem reservas, sem medos nem qualquer pudor? Acima de tudo, agradeço-te por me teres ajudado a serenar a alma. Eu estava tão sem rumo... Tão angustiada. Tu sabes. Tu sentiste. Foi e será sempre assim, não é? Estás em Mim. E assim se explica o porquê de me teres levado a querer aquele abraço e a desejar ardentemente que aquela pessoa em particular me abraçasse também. Assim aconteceu. Senti-me uma Menina Grande, a Tua Menina. Aquela que sempre admiraste e que, ainda hoje, amas incondicionalmente.

Há noites assim.

Cheguei a casa, depois de mais um longo dia. Pus a conversa em dia com o Di, tinha que ser! Pedalei na bicicleta até não aguentar mais. Fiz pranchas e flexões. Entrei no banho. Saí do banho e limpei-me. Saltitei até ao quarto porque já não me lembrava onde tinha deixado os chinelos. Sou apenas distraída, como diz a nossa Princesa Tatiana.

Cantarolei baixinho qualquer coisa, em jeito de dueto com o Camané, que havia tomado banho comigo. De seguida, alcancei o telemóvel. Do outro lado estava a Célia. E, tal como eu e tu fazemos todas as noites, trocámos beijinhos doces e votos de bom sono.

Sabes Mãe, acabei por confessar à Célia este nosso segredo... O dos beijinhos de boa noite, na testa e no nariz... Ainda hoje aguardo ansiosamente por esse momento quando, ao cair da noite, me vens beijar, mimar e afagar este meu cabelo farto. Sempre que vens, sinto-me "Dona deste Mundo e do Outro". Sinto o meu Porto Seguro bem amarrado. Sinto-me verdadeiramente enraizada.

Pois é Mãe... Tu és assim. Mas não te posso querer só para mim. Sempre foste um Espírito Solto. Sempre serás uma Mulher do Mundo e, claro, ninguém pertence a ninguém.

Tu, Célia... Iluminas os meus dias. Estás aqui. Naquele Lugar, onde só entra quem tem cópia da Chave Original. Eu sei que tu sabes o quanto me tornaste forte e maior, apenas por me dares dois beijinhos de boa noite... Obrigada, Sweety. "Nanei" bem, tal como me pediste. Sou muito bem mandada. Quer dizer, tenho dias...

Provavelmente, não conseguirei abraçar a Pessoa Amada todas as vezes que este meu Coração Inquieto me pedir. Porém, e porque neste Imenso Universo a Lei do Retorno existe, sou abraçada todos os dias por ti, Mãe e também por ti, Célia.

E porque existem dias e noites assim... Esta foi, apenas, uma forma que arranjei para vos falar de mim.

SINCRONICIDADE<-->UNIVERSO<-->LEI DO RETORNO


Nouvelle Vague, In a Manner of Speaking

(http://www.youtube.com/watch?v=0ZilC3ldN84&feature=related)

4 comentários:

Paulo de C. disse...

Obrigado pela partilha.

Anónimo disse...

Olá minha estrela cintilante :)
é para mim um privilégio e um arrepio no corpo, partilhar um post com mamãe... acho que estou por aqui para te dar o meu colo para te aninhares e refugiares...vou estando por aqui, para assegurar que ris, e vives todos os dias... que há Sol á sobremesa, mãos dadas, copos de vinho e beijinhos de boa noite e de bom dia Alegria!
haverá sempre esta minha "vozinha", do outro lado, a teimar em relembrar que essa Chama não se pode apagar... faz-nos falta! A mim... e este Mundo e ao Universo que te observa...
Um dia... ai um dia... o Universo prega uma partida... mas das boas... daquelas que até doí a barriga de tanto rir....um dia, este Mundo vai aprender a olhar-te, como eu :)
AMO-TE! e já sabes... alotes e apotes ;)
SWEETY

Anónimo disse...

Este é sem dúvida o melhor post que li em toda a minha vida... cheio de luz, de delicadeza, do pôr-do-sol, das ondas, dos papagaios, de sensações... e a mostrar que as coisas acontecem sempre que queremos ou deixamos que elas aconteçam...
é tão bom te ver escrever de mamãe... e muitos não saberão o quanto foste abençoada com mamãe e papai, sim porque papai apesar de nem sempre parecer no seu jeito por vezes dasajeitado, também te ama e incondicionalmente!
Beijos de quem também dorme com o medo...

Paula Vitória Santos disse...

Yellow para o Anónimo :-)
Conheço-te desde sempre... Reconheço-te no escrever, nessas palavras verdadeiras e sentidas porque tu, sim tu, sabes exactamente do que escrevo e sobre quem escrevo.
Não fui só eu a abençoada... Tu também foste e aliás... Somos e Seremos.
E o Medo, esse, só dorme connosco à noite...
Abraço Nosso.