8 de janeiro de 2009

Uma Catedral... Um Templo Em Mim.


"No silêncio uma catedral
Um templo em mim
Onde eu possa ser imortal
Mas vai existir
Eu sei, vai ter que existir
Vai resistir nosso lugar..."

Zélia Duncan, "Catedral"

http://br.youtube.com/watch?v=-hKGjS4ZSkM


Palavras chave do post de hoje: Catedral. Templo. Silêncio. Solidão? O Hoje. O Lugar, o Nosso Lugar. Amores e Sonhos. Encontros. Existência. Catedral... Templo...


"Porque, algumas vezes, papel e caneta não bastam", como diz o Luís, tinha saudades de vir aqui apenas para escrever. Para Partilhar. É um Jeito de Sentir. De me deixar levar e depois... Depois encontrar-me comigo, em mim. O longe faz-se perto. Por isso mesmo acabo sempre por me encontrar. Estou Viva, sou cada vez mais Eu!


A sopa fervilha na panela. Ao longe ouço a roupa girar dentro da máquina. Nem ouço. Abstraio-me e distraio-me no meio de pensamentos, letras, palavras e ideias que chegam rapidamente à minha mente. E tudo flui naturalmente porque escrevo o que sinto. Tal e qual como sinto o que digo e venho aqui escrever. Sou eu, dizem. Outros ficam admirados. Uma outra forma de me (tentarem) ver a Alma, essa Entidade que está acima de mim mas que sou Eu, a minha Essência. Outros há que julgam que nos expomos por escrever assim. Mas, há sempre um mas...


Gosto de me imaginar como se fosse um Templo. Onde permito que várias pessoas se abriguem. Abro os braços e acarinho de forma simples mas intensa. Como os meus olhos. Gosto de Abraçar e de Proteger. Ser o Porto Seguro de uns e de outros Seres. Um Templo de Amor e de Carinho. De Simplicidade. Sou Transparente mas não nego que sou Densa. Um Achado, disseram-me em tempos. Ora aqui está, uma forma bonita de me sentirem. Mas, quando permito que tal aconteça, sei que já dei de Mim. Do meu Melhor. Da minha Energia Boa. E já fui. Estou lá e confesso que, por momentos, sinto medo. Ainda assim, mesmo em silêncio, não deixo de Amar Intensamente.


Aprendi a gostar das coisas simples da Vida. A Vida que tanto me tem dado e tirado também. Mas recebo tudo, do bom ao pior, como se fosse a primeira vez. Saboreio os instantes, os prazeres e os momentos tal como se degusta um vinho tinto. E sonho. Ai bolas, sonho muito! Continuo a sonhar como se ainda fosse uma Menina. Menina que sou e que gosto de ser. Aqui dentro, naquele lugar que só chegam aqueles que eu deixo. Todos aqueles que me merecem. E onde cabe a Solidão? Esse âmago no estômago e também amargo de boca? A Solidão também me bate à porta. E eu, serenamente, pergunto: "Quem é?" e deixo-a entrar. Quero conhece-la para a reconhecer depois, noutros instantes, noutros lugares. Noutros momentos de mim dos quais não fujo pois sei que, amanhã, posso estar novamente frágil e até carente mas, ao mesmo tempo, firme e segura. Tal como uma Catedral. (Já me ocorreu ficar aqui a escrever-vos sobre a grandiosidade de uma outra Catedral. Sim pois! O Estádio da Luz, aquela obra de arte imponente situada à beira da estrada... Mas aposto que perderia leitores assíduos deste meu espaço!)


Bom, a sopa está pronta. A roupa aguarda ansiosamente pelo orvalho que cai lá fora. E eu deixo-me levar pelas coisas singelas que também fazem parte da minha Catedral, do meu Mundo.


Não foi sempre assim, acreditem. Mas neste instante, é. E caminho, não para a perfeição, essa utopia, mas sim para um deserto onde vos vejo e me vejo... Tão perto de chegar a uma Catedral qualquer, a um Templo Iluminado. O nosso Lugar, onde chegamos para ficar e onde o Céu pode ser maior.

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