2 de janeiro de 2009

Perdidos e Achados.


"Bouncing of clouds we were
Is there a love "Lost-and-Found"?"

Tori Amos, "Bouncing Off Clouds" (http://br.youtube.com/watch?v=SZOFa_JYMnM)


Estamos no Inverno. Chove lá fora. Está-se bem apenas por não nos apetecer fazer nada. Melhor estaríamos em cima de uma Nuvem Qualquer. Uma nuvem daquelas que podemos ver se abrirmos agora a janela e olharmos lá para Cima... Acabei de o fazer. Pareceu-me visualizar apenas um manto branco... Senti-lhe o cheiro e é tão macio aos olhos do meu nariz. Isto parece-vos estranho, não é?


Mas acreditem que não, não é. O corpo humano é um "achado" da Natureza de tão genuíno. Podemos cheirar as nuvens e até sentir-lhes a textura. Podemos percepcionar tudo, basta estar atento e querer. É bom não fazer nada, não pensar em nada. Esvaziar a mente é importante.


A mente é um reboliço de Perdidos e Achados onde temos gavetas para guardar um pouco de tudo, ou de nada, do bom ao melhor, do menos bom ao... Pior. Podemos até guardar músicas e cheiros também. Essas gavetas encerram em si mesmas o melhor e o pior de Nós e dos Outros. Somos todos Bichos, vestidos de armaduras de ferro. Ferro já gasto e enferrujado mas que, por vezes, insiste em querer derreter-se tal como gelados!


Bom, gelados já me leva a pensar no Verão e na Praia do meu
Camping. Que tardes fabulosas me ofereço, sempre que vejo toda a gente a deixar a praia, para virem tratar dos banhos e dos jantares da família, e em que eu fico ali, sozinha comigo. Olho para o Mar à minha frente ou até de lado, caminho na areia e apanho conchas, pedras e... Procuro, procuro algo... Adoro encontrar coisas e trazê-las para casa, seja esta de tijolos ou de material inflamável, como o meu avançado na Costa da Caparica, situado na Rua do Assador-Mor. Calma, calma. Esse assador não é o meu Pai! Nem sou eu, entenda-se. É genético. Não temos "jeitinho" nenhum para essa árdua tarefa.


Não imaginam as curtas-metragens feitas comigo no papel principal sempre que peço a algum Companheiro para me deixar usar o lume para grelhar o peixinho. E lá vou, de óculos de sol, de biquini e de
pareo, de luvas para não me queimar e o meu famoso chapéu de apanhar borboletas, como diz o Companheiro Diogo. Ai, ai... Suspiro lentamente só de me lembrar dele, no auge dos seus 20 aninhos, cheio "de pinta" a pavonear-se pelo Parque e a dizer uns piropos engraçados às Miúdas na Casa dos Trinta, a quem ele chama de Companheiras! Mal sabe ele o quanto eu e a Carla, a outra trintona lá da rua, gozamos com o cenário. São inúmeras as private joke sobre o que ele faria se simplesmente... Lhe puxássemos a toalha para baixo sempre que ele vem do banho! Para não falar que idealizamos sempre a famosa cena da entrada nas discotecas e dizemos-lhe: "- São 25€ a entrada e tem direito a... Duas Coca-Colas pois o Companheiro não tem idade suficiente para beber!"


Não pensem que me perdi nesta descrição detalhada. Tenho sempre alguma dificuldade em focar-me como diz a Cláudia. E já me vem à memória o seu famoso "Oh Valha-me Deus". Mas para mim as conversas são como as cerejas. Tenho tantas histórias e estórias para contar! Em bom tempo desejei este espaço para partilhá-lhas e escrever exactamente como... Falo!


Em tempos, um jornalista do DN disse-me, em jeito de tio de Cascais mas a viver aqui na aldeia: "- Oh Querida, sei lá... Mas porque é que você não escreve um livro? Ai que lhe ficava tão bem! Vá lá, tá a ver...". Bom, o livro ficará para daqui a uns anos, para quando tiver mais tempo. O tempo que nos é mostrado pelos relógios suiços.


Perdidos e Achados. Lá se passou mais um ano. Teremos 14 anos pela frente, com o Planeta Plutão a reger as nossas as vidas. Será aliciante, um verdadeiro desafio, acreditem. Daqui a um ano teremos com certeza tantas outras histórias e estórias para partilhar. O tal reboliço de perdidos e de achados de que vos falei no início deste texto. Dificilmente estaremos iguais. Seremos nós, na nossa essência, mas estaremos ainda mais completos devido às pessoas e às experiências vividas.


Vamo-nos perder, é dado como certo. Mas encontraremo-nos, algures por aí, no Caminho. Na Estrada da Vida. E será tão bom... Obrigada a todos aqueles que estiveram sempre comigo em 2008. Obrigada ao Universo por ter colocado no meu Caminho todos os Seres Maravilhosos que tive o prazer de encontrar e a todos aqueles que reencontrei.


E agora para terminar vamos fazer um exercício. Assim, peço à Fátima e Família, ao Papai Vasques, à Dona Lídia e Família Melo, ao Tiago, à Célia e Família, aos meus Afilhados Diogo e Luís Miguel, ao Nuno, à Tatiana, à Eterna Tia Alice, aos Tios Beta e Fredy, à Raquel e ao Gonçalo, à Gy, à Carla Sofia, à macaca Isabel e Família, ao João Paulo e Família, à minha Tia emprestada Margarida Coutinho e Família, à Avó Fernanda e à Tia Teresa, ao Tio Alfredo, à Ana Vilar e ao Hélder, à Gabriela e ao Rafael, à Sara Rico, à Carla, Catarina e Família, à Mariana e Família, à Cláudia e Família, à minha Rô, à Ana Teixeira, à Deusa e à Sobrinha Beatriz, à Família Almeida, ao Sr. Jorge Monteiro e Família, à Fernanda Freitas e Marido, à Família da Escola de PAKUA, à Dona Deolinda e Família, à Paula Deusa, à Família do Espaço Anjocas, à Dona Jesus e Família, à Família António Ramos, vulgo Barbas, ao Nobre, ao Jorge Máximo, ao meu anjolas Bruno, à minha outra Tia emprestada Paula Baleiro e Família, à formiga Vanda e Família, ao Ricardo Veloso, à Lurdes do CCL e Família, às Famílias da minha rua do
Camping, ao Décio e Família, ao Hugo e Carla Cruz, à Rafaela Armas, à Ana e ao José, ao Jaime e Família, às Lenas da Venda Nova, ao Luís Domingos, à Família Salsinha, à Titinha e Família e também ao "rebento que se avizinha", ao Mel, ao Ahmad Saleh, às Sofias Gentil-Homem e Amaral, ao Tiago João, ao Marinho, à Tila e Família, ao meu Tio emprestado Alexandre... Que se sintam ABRAÇADOS POR MIM.


Não posso também de deixar algumas palavras de agradecimento ao Ruben Simões, à Isabel Cernich e ao Miguel Caetano. Convosco aprendi uma grande lição nesta Vida! Aprendi o quão importante e benéfico é fazer o luto das coisas, das pessoas e das situações. É como "pão para boca". Acreditem. É tão necessário como respirar. Nunca vos esquecerei... Guardei-vos numa das minhas gavetas, com carinho e saudade e aqui ficarão.


"Embora tenha o Universo
nada posso afirmar ter,
pois o desconhecido não posso conhecer
se me agarrar ao que já conheço."


In "O Cavaleiro da Armadura Enferrujada", de Robert Fisher (Capítulo 7, O Cume da Verdade)


1 comentário:

HOW DO YOU WRITE disse...

Obrigado pelo abraço. A transmissão foi atribulada mas chegou cá.
Beijos