13 de março de 2013

Num andaime. Na multidão.

[Algures em Setembro/2010.]

BALADA PARA UM HOMEM NA MULTIDÃO.
 
Este homem que entre a multidão
enternece por vezes destacar 
é sempre o mesmo aqui ou no Japão
a diferença é ele ignorar.

Muitos mortos foram necessários
para formar seus dentes um cabelo
vai movido por pés involuntários
e endoidece ser eu a percebê-lo.

Sentam-no à mesa de um café
num andaime ou sob um pinheiro
tanto faz desde que se esqueça
que é homem à espera que cresça
a árvore que dá dinheiro.

Alimentam-no do ar proibido
de um sonho que não é dele
não tem mais que esse frasco de vidro
para fechar a estrela do norte.
E só o seu corpo abolido
lhe pertence na hora da morte.

-- Natália Correia.


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