30 de março de 2015

Temos encontro marcado.


« (...) Porque te devo amar,
perguntas,
e eu falo-te no barulho do vento na janela quando me apertas, a tua cabeça no mistério que fica entre os braços e os ombros, escondo os dedos no interior do teu cabelo e ouço-te respirar, pessoas como nós não procuram explicações mas sobrevivências. (...)» -- in Prometo falhar, Pedro Chagas Freitas.


Já tu, meu Amor, não me perguntes nada. Bem sabes que quando nos pomos a falar, não há quem nos pare. Vá-se lá saber porquê, não é? Dizem que as conversas são como as cerejas - começas por provar uma e, quando dás conta, comeste a taça quase toda. Ah, prometo tirar-te os pézinhos das cerejas. E separar-te as uvinhas; ficam mais fáceis de comer; Vais gostar! Mas também te descascarei as castanhas assadas. É só deixar arrefecer um pouco, ficamos combinados? 

Voltando ao inicio. Não, tu não precisas de me perguntar nada. Deixa-me só repousar a cabeça no teu peito; Comprometo-me a ouvir o bater do teu coração perto do meu, vou deixar-te cruzar as pernas suavemente (como só tu fazes) e vaguear-me-ei por ti, assim sem rumo, sem pressas, sem tempo, nem espaço. Esqueçamos o Mundo; Sim, vamos ousar fazê-lo. 

E agora diz-me, que horas são? Poetas para quê? Luas? Ruas? Para que servem as ruas?...

Entretanto, e quando nos encontrarmos na Rua Fernão Ornelas (a minha rua!), assim que sorrires para mim, lá no meio da multidão, terás como certo o calor do meu Abraço, pronto para te receber, sedento de ti, do nosso Amor. Mas não te enganes, nem faças de conta que não vai acontecer mais nada pois... Sentiremos o mesmo friozinho na barriga. Mas será bom; Aliás, é sempre bom, tão único. Tão nosso. 

Já agora diz-me, estou distraída (a distracção só pode ser prima da paixão e andam as duas obstinadas em me baralhar a razão): Que horas são? Poetas para quê? Luas? Ruas? Para que servem as ruas?...


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