18 de novembro de 2014

No dia em que TU morreste.


«Na noite em que tu nasceste, a Lua sorriu com tanta admiração que as estrelas vieram de imediato espreitar para te ver e a brisa nocturna sussurrou: "A vida nunca mais será a mesma". Porque nunca houve ninguém como tu neste Mundo, tão encantados contigo estavam o vento e a chuva que sussurravam bem alto o som do teu lindo nome. E o Céu soprou todos os seus trompetes e tocou todas as suas cornetas, na magnífica e maravilhosa noite em que tu nasceste.»
-- Nancy Tillman.

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Capítulo 1.
Não sei se nasceste de manhã, de tarde ou de noite mas sei qual foi dia em que TU morreste. Foi hoje, há 9 anos atrás e isso jamais esquecerei. Afinal, está/ficou gravado na minha alma para todo o sempre.

Capítulo 2.
Bem sei que nunca gostaste do teu nome mas, lá está, gostavas do meu e por isso mesmo, contra tudo e contra todos, chamaste-me Paula. Hoje, passados estes anos todos, muitos ou poucos não importa, a dor é sempre a mesma. Faltas-me tu, falta-me o calor da tua pele, falta-me o teu cheiro tão peculiar, faltam-me os afectos, o abraço, o teu jeito de me afagar do cabelo, falta-me a tua alegria, faltam-me as tuas tristezas de um passado na Ilha, onde nunca conseguiste ser tu, em plenitude. Faltam-me os teus "dizeres" (bom, agora tenho a Célia que diz coisas, levadas da breca, mas que me fazem gargalhar sem parar), faltam-me as tuas certezas (especialmente aquelas que tanto me serenavam e outras vezes vezes me tornavam forte), faltam-me as tuas anedotas, faltas-me tu e o Pai juntos, amigos e companheiros, como nunca mais voltei a encontrar casal igual. Falta-me a candura do teu olhar, ora conciso, ora duro, ora doce feito mel. Faltas-me tu, o meu eterno porto seguro. Não te vejo alçar da perna em jeito de descanso, enquanto fumavas um dos teus 50 cigarros SG Filtro, mas a Rosete fá-lo como mais ninguém, tal e qual tu o fazias, sem vergonhas e na maior. Faltas-me tu e a tua capacidade de organização. Podes não acreditar mas eu até tenho saudades da carne assada e da panela de arroz que levavas para a casa da Alice, por ocasião das festas. Esta é a mesma Alice que ainda há dias me disse que só tu lhe pedias utensílios de cozinha dos quais ela nunca tinha ouvido falar. Vê lá tu bem que até sinto saudades de te pores a arrumar os armários e as cozinhas das pessoas em geral (na verdade, arrumavas tudo o que apanhasses à frente). Falta-me o teu amor imenso por mim (nunca ninguém me amou como tu me amaste), por todos e por tudo quanto acreditavas valer a pena. Eras mais do que um pilar. Eras força, coragem e luta. Misturavas-lhe graça, punhas aquela pitada de humor (e até alguma "brejeirice") e era vê-los todos a invadir a tua cozinha, já perdidos de tanto de rir. Ías sempre para a frente, nunca olhavas para trás; Não querias e nem gostavas de o fazer. Eras presente no momento presente. E quer queiras, quer não, foste sempre o "presente" da minha vida, o meu maior tesouro. Em tudo. Querias ter os meus olhos grandes e as pestanas longas (o que tu falavas disto!) mas tu eras a Luz em pessoa. E ainda bem que não fui só eu que te "vi" assim. 

Capítulo 3.
Decididamente, tu não eras normal; Não eras deste Mundo. E não tenho dúvidas de que o Mundo, este mesmo Mundo em que viveste e em que vivemos ainda todos, não te esquecerá. Afinal de contas, a vida não foi a mesma desde o dia em que nasceste, nem tão pouco desde o dia em que TU morreste.

[E até foste tu que me ajudaste a pagar o bilhete para eu ir a Alvalade (credo em cruz) ver os Srs. das Armas e das Rosas. Sim, eu sei. Isto não tem nada a ver com o dia em que tu morreste mas não podia deixar de dar o ar da minha graça, caso contrário isto ficava dramático demais. E não vale a pena, né?]




2 comentários:

Anónimo disse...

<3
Faz falta sim, para as nossas festividades...
para a partilha do AMOR...
para TI!
Mas acho que um pouco dela renasceu, (e não sei porquê, mas tenho a certeza do que digo) naquele dia de Fevereiro de 2011.
E haverá sempre o resto desta VIDA para celebrar a dela, e a outra VIDA para nos juntar a ela.
Me

Paula Vitória Santos disse...

«E haverá sempre o resto desta VIDA para celebrar a dela, e a outra VIDA para nos juntar a ela.»
Lindooo... Mas não vale chorar(mos)! Falta-nos a carne grelhada, a salada de tomate, o vinho tinto e o teu Pai a olhar para nós e a perguntar: «-Então mas a rapariga não come?» ;)
Love YOU <3