«O amor só admite lambuzanços, não admite cá jeitinhos ou cuidadinhos ou essa espécie de diminutivos que só o atrofiam.
Amor é com tudo o que tens e com tudo o que podes. E não admite maneiras. Ninguém ama de faca e garfo, ninguém ama de fato e gravata ou de smoking vestido. O amor admite tudo menos regras, por isso no amor vale tudo menos normas pré-feitas. Não escolhes hora, não escolhes dia, nem sequer escolhes quem amas.
Isto do amor parece a coisa mais anárquica que existe, a coisa mais sem regras, e, no entanto, se amares, se te entregares ao amor, apesar ser o caos, de tudo acabar espalhado no chão da sala, da cozinha, de cairmos dentro da banheira ainda vestidos, sei lá, ou, talvez, por que não?, num recanto perdido no meio da cidade, ambos saberemos quais os caminhos até à vontade do outro; ambos saberemos onde matar essa vontade...
O amor revela-se na confusão de corpos, quando já não percebes onde acaba o teu e começa o outro, quando o teu corpo já não é teu, quando o teu corpo já deixou de ser o teu corpo para passar a ser o corpo de quem amas, quando o teu corpo te fugiu por instantes e foi em busca do prazer. É aí, nessa confusão, que se soltam os gritos e gemidos presos em dois corpos; é aí, só aí, que dois são apenas um...
É nesse caos, meticulosamente organizado de corpos, que te quero beijar até que me doam os lábios; é nesse caos que tens levar a tua língua a todos os recantos do meu desejo.
Não pares.
Mesmo que me ouças gritar.
Amor é tudo porque o amor é tudo. É isso. Talvez seja mesmo só isso.»
Amor é com tudo o que tens e com tudo o que podes. E não admite maneiras. Ninguém ama de faca e garfo, ninguém ama de fato e gravata ou de smoking vestido. O amor admite tudo menos regras, por isso no amor vale tudo menos normas pré-feitas. Não escolhes hora, não escolhes dia, nem sequer escolhes quem amas.
Isto do amor parece a coisa mais anárquica que existe, a coisa mais sem regras, e, no entanto, se amares, se te entregares ao amor, apesar ser o caos, de tudo acabar espalhado no chão da sala, da cozinha, de cairmos dentro da banheira ainda vestidos, sei lá, ou, talvez, por que não?, num recanto perdido no meio da cidade, ambos saberemos quais os caminhos até à vontade do outro; ambos saberemos onde matar essa vontade...
O amor revela-se na confusão de corpos, quando já não percebes onde acaba o teu e começa o outro, quando o teu corpo já não é teu, quando o teu corpo já deixou de ser o teu corpo para passar a ser o corpo de quem amas, quando o teu corpo te fugiu por instantes e foi em busca do prazer. É aí, nessa confusão, que se soltam os gritos e gemidos presos em dois corpos; é aí, só aí, que dois são apenas um...
É nesse caos, meticulosamente organizado de corpos, que te quero beijar até que me doam os lábios; é nesse caos que tens levar a tua língua a todos os recantos do meu desejo.
Não pares.
Mesmo que me ouças gritar.
Amor é tudo porque o amor é tudo. É isso. Talvez seja mesmo só isso.»
-- Carlos Marcelino - Post Scriptum